quinta-feira, 26 de maio de 2011

Episódio 11: Massagem from hell

Ah, a famosa massagem modeladora. Quem é que ainda não ouviu falar? É quase todo dia uma promoção nova nos sites de compras coletiva, praticamente uma "pechincha".
O fato é que mulher faz qualquer coisa para emagrecer. Por mais duvidoso que seja o método de qualquer novidade, basta colocar a frase "perder uns quilinhos" que você já conquista meio milhão de seres do sexo feminino. E eu, é claro, não fico fora dessa.
Embarquei numa promoção da internet, marquei minha "consulta" e fui. Sim, esses lugares se denominam clínicas de estética, porém muitos deles não passam de um mero salão de beleza, com um quartinho lá no fundo para fazer as tais massagens. Mas afinal, que mal pode haver nisso? Receber uma massagem durante uma hora vai ser, no mínimo, algo relaxante, não?
É aí que começa o desespero. A massagista até avisa que o processo é dolorido, mas eu imaginei que seria uma dor dentro dos parâmetros da normalidade, nada que fosse tão intolerável.
Me dei conta que estava completamente enganada ao sentir quase como se agulhas estivessem entrando na minha barriga. Me contorcia toda, queria pedir arrego na mesma hora. Segundo a massagista, as primeiras sessões são as piores porque as células não estão acostumadas com o processo. Pois então eu digo, quero partir de uma vez para as últimas sessões!
Juro, eu aposto que sentiria menos dor se tivesse feito uma tatuagem em volta de toda a minha barriga. E para completar ainda tem a parte das coxas... Mas aí deve ser mais tranquilo, né? Afinal, o pior já passou.
Triste engano! Descobri que o pior mal da celulite é a dor que ela pode causar. Cada vez que ela apertava as danadinhas eu sentia como se um tubo as estivesse sugando. É dor que não tem mais fim.
Terminada a massagem você é envolta por um manto térmico que deixa você cozinhando por uns 30 minutos, suando feito um maratonista e esperando reduzir algumas medidas.
Resultado: uma hora de sofrimento, misturado de dor e muito calor. Olha, se dá resultado eu ainda não sei, fato é que saí de lá tão acabada como se tivesse malhado por uma hora. Mas minha neurose agora nem está tão ligada aos meus quilinhos a mais, pelos quais até criei um certo apreço. Meu maior medo agora é saber que já paguei mais 9 sessões de massagem que ainda estão por vir.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Episódio 10: De volta ao país do carnaval.

Faz tempo que não escrevo por aqui. Faz tempo, inclusive, que voltei para o Brasil, e por isso mesmo não tenho mais atualizado este blog. Sabe como é, a vida começa a ficar normal e você sem tempo para estas “futilidades” virtuais. Mas ainda assim resolvi voltar a escrever por aqui. Mesmo que eu chegue todos os dias cansada do trabalho e tenha que fazer isso ali pelas onze da noite. Pois afinal, quem precisa dormir? E por falar em dormir, isso coisa que fica cada dia mais difícil. É Tanta coisa pra se preocupar... Trabalho, casa, dinheiro, ou melhor, a falta de dele. Mas também não vou ficar aqui discursando como aqueles textos de mulher moderna que se cansa de ter que fazer tudo perfeito, 24 horas por dia, e que ainda tem que ter pique para ir à academia. Não, não, isso não faz o meu tipo, até porque ficar reclamando não vai acabar com as gordurinhas a mais que tanto nos pesam na consciência.
Resumindo: voltei simplesmente para escrever, falar um pouco de tudo, sendo como sempre, exagerada e escrachada. Não gostou? Pois é, nem eu, mas prometo melhorar ao longo dos dias.
Nunca fui esse tipo de blog do “por favor, leia-me!”, mas também não nego que fico feliz quando alguém me diz que deu uma espiadinha por aqui. Afinal, como já diria um antigo professor meu de comunicação: um texto só é texto quando lido. E eu ainda pretendo chamar minhas postagens de texto.
Ah mas e o que tudo isso tem a ver com o tal título? País do carnaval, sei lá o que. Pois é, dizem que texto bom é aquele tem um ciclo, coloca-se um título para chamar atenção e se faz um link deste título com o final do texto. Mas não tem dias que dá vontade de fazer tudo do avesso? Sim, porque às vezes vem o título primeiro e aí você fica tentando enfiar lá no meio (piadinhas de duplo sentido são sempre bem vindas neste blog) só pra completar o texto.
Pois então eu lhe digo, não vou enfiar porra nenhuma de carnaval no meu texto. Só queria dizer que voltei para o Brasil e ponto. Mas não poderia ser apenas “de volta ao Brasil”, preferi escolher outra coisa, algo menos clichê. Opa, carnaval? Menos clichê? Ih, ferrou! Agora não sei mais nada, afê, desisto, não sei se volto mais aqui não, é muito difícil escrever.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Episódio 9: Quem viaja com pouco aumenta o conto.

Depois de muito suar a camisa, ficar sem dinheiro na conta, entrar em crise existencial pra saber se ficava ou voltava, chegou o grande momento! Meu visto está vencendo e de fato não vou renová-lo. Chegou a hora de juntar a grana tão suada e por vezes difícil de se obter e realizar a viagem final desta grande jornada.
O roteiro é simplesmente um sonho, Londres, París, Lisboa e por fim Amsterdã. Mas tem um porém, (sempre há um porém). Vou fazer uma viagem de 20 dias sozinha! Eu, eu mesma e seja o que Deus quiser. É mais ou menos isso.
Legal , divertido, aventura, uhul, todo mundo acha lindo. Também achei ótimo um mês atrás, quando eu apenas planejava a viagem. Agora é fato, estou indo para países que falam diferentes línguas (Portugal então nem se fala!), sem conhecer nada nem ninguém e apenas com minha companhia. Frio na barriga é pouco pra dizer o que eu senti, tive mesmo é que ir ao banheiro várias vezes antes de entrar no avião. Sim porque também tem essa né, quem é que me diz que não tem medo de entrar em um avião sozinho? Se diz que não tem eu não acredito. Aquele troço gigante voa, já parou pra pensar nisso? Enfim, se for pra morrer que pelo menos não seja sozinha, né? Como diz o outro, segura na mão de Deus e vai.
Depois de passado o sufoco, aterrissamos em Londres.. Bom, pelo menos aqui as pessoas falam oficialmente inglês, sem aquele sotaque bizarro da Irlanda.
O lado bom de viajar com pouca grana é que você se hospeda em albergue, daí já tem uma desculpa pra fazer amizadas, afinal, é aquela coisa, uma média de 200 pessoas no mesmo quarto, dividindo um único banheiro, falando línguas diferentes e querendo conhecer mais gente igual a eles. Não tem erro, é assim que vou começar a “fazer amigos” na minha primeira viagem.
Acreditem ou não depois de subir as 10 andares de escadas, fiquei sozinha em um quarto. Que ironia, o quarto que tem lugar para 12 pessoas está vazio. Mas tudo bem, sigo com meus planos e inicio minha “rota turística” nem tanto programada. Um museu aqui, um café ali. Londres é maravilhosa, mesmo com o frio e o tempo nublado não há como ficar de mau humor neste lugar, pena só é não ter alguém para compartilhar o momento e tudo mais divertido. Bom, se o problema do começo da viagem foi falta de diversão, na última noite talvez tenha sido o excesso dela. Conheci um povo em um tour pela cidade, gente do Canadá, Estados Unidos, Holanda. Todos jovens, divertidos, loucos pra fazer uma balada. Resumindo, saí, tomei todas e uhul, peguei um ônibus pra volter ao albergue e fui parar lá na puta que pariu. Verdade... O susto foi grande, mas consegui pegar um táxi e chegar no albergue sã e salva. Ufa, que alívio!
Partindo para a segunda viagem, chego em París. Também uma cidade maravilhosa, tirando que o tempo estava absurdamente fechado e eu ainda estava de ressaca da noitada em Londres. Mas consegui a aproveitar, dessa vez em uma versão mais calminha de mim mesma, aproveitando de uma maneira um pouco mais gastronômica, digamos assim. Sim, mulher tem dessas coisas, quando se sente um pouco solitária sai comendo adoidado (tá bom, a gente sempre faz isso). Era crepe com sorvete, waffle com sorvete, bolo com sorvete, sorvete com sorvete e por aí vai. Ai, que paraíso. Lembro-me de comer um crepe inteiro com nutela e banana e ao me olhar no espelho perceber nutela até na minha testa, faz parte.
Já em Portugal, tudo foi mais tranquilo. Sol, calor, havaianas e tudo isso falando em português. Muitas vezes não entendia tudo que me falavam, é um tal de pega o “autocarro” e liga do “telemóvel” que eu já começava a fazer confusão.
E pra fechar com chave de ouro a tão esperada viagem para Amsterdã. Um lugar um tanto quanto cabeça aberta, leis mais abertas, pernas abertas e coisas do tipo. Você encontra desde de cafés que vendem maconha legalmente até o sexy shops mais diferentes e engraçados. Isso fora a região onde as prostitutas se vendem em vitrines abertas ao público. Um lugar ímpar, onde é melhor não ficar muito mais que três dias, ou você pode acabar esquecendo de pegar o avião...
Finaleira de tudo, saldo positivo. Empregos inesperados, problemas com dinheiro, amigos deixados para trás, ressacas das mais diferentes e muita história pra contar. Fazer uma viagem como esta, e digo, ao todo, desde o primeiro dia em que pisei na Irlanda, foi uma aventura e tanto. Consegui façanhas das mais simples como entender um irlandês falando inglês, até as mais idiotas como trancar um dedo na porta de um bar. Mas com certeza o que vale é o que sobra pra contar de história, e quando não sobra, é claro que a gente aumenta um pouquinho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Episódio 8: Pegou fogo no meu cabelo

A mulherada se arruma. É sexta feira à noite, hora de sair pra balada, dar aquela geral no visual e quem sabe, um “esquema” no final da noite.
Umas colocam salto, outras colocam aquela maquiagem, um decotinho aqui, uma blusa justa ali, e lá vamos nós! Claro que o mais importante nessa hora é o cabelo; cabelo não pode faltar, tem que ter aquele toque especial. Passa uma chapinha, usa secador, ou nem que o deixe apenas secar ao natural, mas tem que estar solto, sabe como é, pra dar aquele "upgrade".
Depois de 2 horas ajeitando os cabelos e mais umas 3 horas na frente do espelho, estamos todas prontas para andar rumo aos pubs da cidade. Entre uma tropeçada e outra descubro que andar de salto não é o meu forte, mas continuo firme e decidida a chegar em algum lugar. Escolhido o bar seguimos naquela direção, a cerveja é barata e o ambiente é legal, então porque não?
Já dentro do bar, estou me sentindo linda! (ok, a auto-estima da mulher tem dessas coisas). Tudo está indo bem, pessoas bonitas, despojadas, divertidas. Compro uma cerveja, encontro alguns amigos, converso com um aqui, um ali, “tudo como manda o figurino”. E claro que depois de uns goles de cerveja tudo fica sempre mais divertido.
Eis que surge um cheiro. Meu Deus que cheiro é esse? Parece até que estão queimando alguma coisa. Tudo bem que os irlandeses não são muito famosos por gostar de banho, mas daí a cheirar mal assim?
Fico na boa, encostada na parede quando de repente, out from no where, uma menina começa a me bater nas costas desesperada. “Mas que porra é essa? Tá maluca garota?” penso eu. Mal eu havia reparado que o bar teve a brilhante idéia de colocar velas acesas como objetos de decoração para dar aquela iluminada no ambiente. “O seu cabelo está pegando fogo”, diz ela. Puts grila! E não é que era verdade?
Você já sentiu cheiro de cabelo queimado? Foi daí que eu entendi porque aquele bar estava cheirando tão mal. Pior de tudo foi saber que o tal cheiro era eu. Saio super sem graça após o controle do pequeno incêndio e vou direto ao banheiro para recolher os pedacinhos de cabelo queimados que estão sobre minha roupa. Ahh, que cena lamentável, apesar do cheiro impregnado no meu cabelo, a boa notícia é que o fogo não tomou uma proporção maior, se não, já pensou? Vai pra Irlanda e volta sem cabelo, aí já ia ser demais. De agora em diante eu tenho um novo mandamento para noite de balada: “Jamais entrarás de cabelo solto em um bar que enfeita seus cantos com velas acesas”.

domingo, 25 de abril de 2010

Episódio 7: Poligamia de pensamentos

Sempre ouvi discussões intermináveis sobre a monogamia/poligamia na vida dos seres humanos. Pra dizer bem a verdade, eu nem sei se quero ter uma opinião formada sobre isso, pelo menos não hoje. O que passa pela minha mente neste momento é a questão de quão difícil pode ser tentar estabelecer a monogamia em nossos pensamentos. E porque diabos eu estou pensando nisso? Porque é o que acontece todos os dias, é o nosso “realmente cotidiano”. Nossa relação diária com a mente é totalmente poligâmica. Marcamos um encontro com a palavra decisão e BUM, quem aparece pronto para nos levar pra jantar é o nosso amigo dilema.
É decidir entre o mercado ou a calça linda que você viu na vitrine, decidir entre o emprego longe ou a vida pacata ao lado a família.
Você já viu alguém tomar uma decisão poligâmica? Claro que as pequenas possibilidades existem, afinal, toda regra tem sua exceção “será que levo o vestido vermelho ou o preto?”, na dúvida, levei os dois, tomei uma decisão poligâmica, ou até mesmo se você ficou na dúvida entre o leite integral e desnatado e acabou levando o semi-destanado pra ficar no meio termo (se é que isso é o meio termo de alguma coisa).
Mas a grande maioria das decisões em nossas vidas são do tipo 8 ou 80 e são basicamente divididas entre o racional e o emocional. Junto dinheiro pra comprar uma casa ou faço aquela viagem dos meus sonhos? Invisto na minha carreira ou largo tudo por um grande amor?
É dai que vem a expressão tão corriqueira e verdadeira “não sei se caso se ou compro uma bicicleta” Oh duvida cruel! Tudo bem que a bicicleta poderia ser trocada por um IPhone ou algo do tipo hoje em dia, mas a ideia básica é que nossa mente é totalmente poligâmica no que diz respeito a nossas decisões. Queremos o IPhone, queremos a viagem, queremos o emprego e mais do que nunca, queremos o grande amor, e tudo isso ao mesmo tempo, emocional e racional fazendo uma suruba poligâmica em nossa cabeça! E não me venha com essa de que você não faz esse tipo. Quem é que na vida não quer encontrar um grande amor? Ok, talvez essa seja uma colocação muito forte, mas todos nos queremos ter alguém em nossas vidas, talvez não agora, talvez não tão cedo, mas chega uma hora que bate o desejo de se aquietar com alguém.
Mas até aí está tudo “bunitinho”e monogâmico, você segue sua carreira, compra a tal da casa, faz a tal da viagem e BUM, acha o grande amor, felizes para sempre, não?
Ahh, que bela história idiota, a vida não é uma comédia romântica (graças a Deus), nossas vidas estão mais pra filme de Almodóvar ou até mesmo Tarantino. Tudo acontece do avesso, tudo acontece poligâmico. Você foca em sua carreira, faz intercâmbio, curso disso, curso daquilo e pronto a pessoa aparece bem lá no meio, enfiada naquela hora que você menos precisa, toda sorridente, fazendo você amolecer as suas pernas e mudar todos os seus planos. “Pra que pensar em patavinas de vida profissional, eu quero é fugir com você e morar no paraíso!” Monogamia momentânea de coração, que faz a poligamia de sua mente chegar a mil por hora fazendo você se perguntar 39 vezes: “meu deus do céu, será que essa é mesmo a melhor decisão?”
Confusões a parte, uma coisa eu lhe digo, se já é difícil controlar a monogamia de nosso coração, a poligamia de nossas mentes já está há anos luz destruindo nossa sobriedade e nos levando a loucura diariamente.
Mas cá entre nós, quem é que não sabe que no jogo da poligamia é a falta de controle que faz mais sucesso?

terça-feira, 30 de março de 2010

Episódio 6: Vivendo no limite

Depois já ter mudado de emprego 59 vezes em busca de achar algo que fosse pelo menos próximo a minha área e depois de me decepcionar mais 59 vezes com os mesmos empregos aqui estou eu.
Sim, fiquei em Dublin, porque exatamente eu ainda não sei, procurar essa resposta pode levar algum tempo, mas a verdade é que essa foi a minha escolha e agora tenho que correr atrás do prejuízo... Sim, isso não foi uma força de expressão, tenho que correr atrás do prejuízo literalmente. Com todas as entradas e saídas de novos empregos, acabei ficando com dinheiro em haver, ótimo não? Soa ate bem aos ouvidos, dinheiro em haver, no debts, yes credits.
Soa bem aos ouvidos quando o caso não é o de que o ÚNICO dinheiro que você tem é o tal do dinheiro em haver. Dinheiro virtual, dinheiro que não compra comida e nem paga o aluguel. Meu deus do céu onde foi que eu fui me enfiar?
Explico melhor... Cada vez que se entra em um emprego novo você passa todos os seus dados, sua conta de banco e tudo mais, até que você receba pode levar algum tempo, principalmente se existem certos obstáculos no meio do caminho (é agora que a desgraça começa)
Emprego 1: promoção, soa também muito bem aos ouvidos, verdade: ficar panfletando em shoppings e distribuindo passe livre para uma academia, problema: pagam bem por hora, no entanto nunca sei quantas horas terei por semana e alem disso pagam mensalmente. Continuo fazendo bicos nesse emprego em alguns finais de semana
Emprego 2: marketing e vendas, também é um nome bonito, verdade: vendedor de porta em porta ganhando apenas comissão pelo seu trabalho, problema: almost no money, e ainda por cima, como me demiti com menos de 2 semanas de trabalho, o dinheiro esta ainda por chegar na minha conta apenas no próximo mês (estava escrito no contrato)...
Emprego 3: mais um vez, vendas, continua soando bem mas eu já estou um pouco mais esperta, não? verdade: vendas mesmo, mas de novo, de porta em porta s[o que dessa vez recebo um salário básico mais a comissão, problema: o trabalho não é dos melhores mas da pra aguentar, o problema dessa vez foi o banco mesmo, eu deveria receber na semana seguinte mas devido a problemas com minha conta bancaria "não foi possível completar essa transação..."
Resumindo, depois de muito perrengue decidi abrir uma conta e outro banco e, aleluia, hoje foi o grande dia, dinheirinho depositado em minha conta, tudo indo muito bem, sai do trabalho fui direto ao banco para sacar o dinheiro, como ainda não recebi o cartão, pois a conta é nova, eu teria que ir direto ao caixa do banco para fazer a operação...




Sim, vamos fazer uma longa pausa por aqui para simbolizar 1 minuto de silencio (afinal alguém quase morreu hoje). O que? Hoje é feriado de sexta feira santa? Mas ate onde eu sei o feriado aqui na Irlanda é na segunda feira e não na sexta! Ahh sim, claro, os bancos preferem fazer o feriado na sexta e também na segunda, uhmm, como eu não pensei nisso? Tão obvio, nada como fechar os bancos 4 dias seguidos quando a pessoa esta sem um centavo na carteira e um maldito cartão de debito!
Lá se foi a ideia de ir ao cinema, lá se foi a ideia de ir ao mercado, lá se foi a ideia de ter qualquer ideia para o feriado... Seria isso um teste de sobrevivência? Depois de tanto perrengue, tantos dias sem dinheiro, preciso ainda esperar mais? Vou ter que agora ficar também devendo para os meus amigos? Oh my God! Totalmente sem comentários, ou melhor, comentários são a única coisa me resta nesse feriado, vou mais é comentar tudo, vou falar, vou escrever, vou digitar e vou viver de vento.
Honestamente? A única coisa que me salva e que sei rir dos meus problemas...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Episódio 5: O delicioso mundo das academias.

É chegada a hora. Sim, não da mais pra enganar. Os braços e as bochechas vão ficando mais “fortinhos” e desculpa de que as roupas estão encolhendo já não cola mais. Depois de quase 7 meses morando na Irlanda não há como negar os quilinhos a mais que saltam nítidos a frente do espelho e aos olhos alheios. Uma blusa mais larguinha aqui, uma casaco grande pra disfarçar ali, mas não adianta, não há como fugir, chegou a hora de recorrer à academia.
Tomada a iniciativa, surge primeiramente todo aquela ideia de empolgação. Calça nova de ginástica, um top apertado pra dar aquela “levantada” básica e vamos para o primeiro dia de academia. No início tudo parece legal, você começa até a se sentir mais magra depois da primeira aula, sim o que vale na primeira semana é o efeito psicológico, mulher adora essas coisas. Mas nada de dar uma de preguiçosa, começou a pagar a academia, tem que ir todos os dias (obviamente, durante semana).
Vamos lá pessoal, grita o professor, um, dois, vamos queimar calorias, não desistam! Depois do quinto dia aquilo já começa a doer no seu ouvido, é todo o santo dia de aula, vamos lá pessoal, não desistam, só mais uma vez, só mais 5 vezes, só mais 89 vezes, agora mais rápido, mais rápido, mais rápido! Ahh! fica mais estranho ainda porque tudo é em inglês e tem horas que fica bem confuso: come on! Go faster, to the left side, to the right side, squeeze, squeeze, squeeze... que porra é essa de squeeze? Tá querendo que eu esmague alguma coisa? Ou seria apertar? Ai meu Deus, até o inglês falha nessas horas.
Agora, deita no chão, 50 abdominais, mantenha um tempo lá em cima, força, força, força. Oh my God! Am I in the Army? Sim parece que estou no exército, que é isso, para de berrar no meu ouvido, caralho! Dá muita vontade de falar palavrão nessas horas, vontade mesmo da é de chorar! Ahhh, porque que eu tenho que ter a maldita tendência a ser gordinha? Talvez se eu parasse de comer chocolate, ou quem sabe eu começo a tomar Activia todos os dias... Tudo de mais idiota passa pela sua cabeça nessas horas.
Chega a hora do alongamento, que felicidade, está terminando a aula, uhul, 45 minutos de sofrimento pra queimar por volta de 200 calorias. Todo aquele chocolate do final de semana e no fim a ginástica mal queima a mera barra de cereal que você comeu antes da aula. Adoro academia!
Agora vamos ao alongamento, controlem a respiração, diz o professor, inspira quando sobe, expira quando desce. O quê? Você acha que a essas alturas eu tenho condições de controlar a minha respiração? Na verdade eu já nem sei mais como eu ainda estou respirando, Jesus! Termina logo essa aula dos infernos! Até o alongamento é complicado, não aguento mais, chegaaaaaa...ahhh que bom. Enfim, terminamos, mais um dia de muita malhação e “alegria”. Sinto dores em todas as partes do meu corpo, tudo agora é suor e cansaço, mas nada vai me tirar a felicidade de chegar em casa e comer uma enorme barra de chocolate. Afinal, pra que serve mesmo academia?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Episódio 4: Bandeiras ao vento, a chuva esta aí!

Mais um dia de chuva em Dublin. Ah, que poético sair de casa no outono europeu com o belo guarda-chuva. Um casaco charmoso, cabelos ao vento e pessoas elegantes andando nas ruas. Outono é a estação das folhas caindo, de sentar para tomar um café na Starbucks e aproveitar os últimos dias antes do inverno... É tempo de sair de casa para caminhar nas ruas e admirar as paisagens.
Paisagem? Elegante? Poético? “Whatafuckisthisweather?” Sim, traduzindo para o português corriqueiro “que porra de tempo é essa?”
Aliás, se aprender palavrões em inglês também é melhorar o seu inglês, nenhum professor pode ser melhor que o mau tempo da Irlanda.
Ok, você deve achar que eu estou exagerando, afinal de contas, as pessoas já falam bastante palavrões por aqui. Mas agora imagine você, tentando acordar bem-humorado, colocando uma roupa que já pesa mais que o seu próprio corpo, optando hoje entre, uhmm, deixa eu ver, a capa de chuva ou o guarda-chuva? Na dúvida é melhor levar os dois.
Abro a janela e penso: “uhmm, o tempo não esta tão ruim assim, o sol está até aparecendo”. Felicidade de irlandês dura pouco. Ao sair na rua, para minha surpresa descobri que na Irlanda é possível fazer sol e chuva ao mesmo tempo. Abro meu guarda-chuva e sigo com a capa de chuva na mochila. Dali alguns passos “dou de cara” com o nosso amigo vento. Ajeitar os cabelos definitivamente é algo que não tem finalidade em Dublin, é melhor sair na rua e deixar que o próprio vento tome conta disso. Mesmo porque o guarda-chuva já não é suficiente, é preciso retirar a capa de chuva da mochila para tentar se proteger.
Cena lamentável, a pessoa andando molhada na rua, com um guarda-chuva que agora apenas segue a direção do vento, (que por sinal consegue soprar em todas as direções ao mesmo tempo) e tentando retirar a capa de chuva da mochila para colocar por cima das 259 pecas de roupas que já ocupam o seu corpo.
Ainda assim a persistência segue, continuo eu, agora também a capa de chuva, segurando o meu belo guarda-chuva. Peraí, eu disse guarda-chuva? Haha, engano meu, nesse exato momento não existem mais pessoas tentando se proteger com sombrinhas e guarda-chuvas, não, eles agora balançam bandeiras no meio da rua.
Sim, que bela celebração para um dia tão bonito e agradável, pode parecer estranho mas, bem, a Irlanda tem dessas coisas... Essas coisas de deixar você passando frio molhado no meio da rua, essas coisas de ter um vento tão horrível que pode destruir sua sombrinha, essas coisas de molhar tanto a sua cara, mexer tanto o seu cabelo que você nem mesmo consegue mais olhar para o lado ao atravessar a rua e correr o sério risco de ser atropelado. Ah... é por essas e outras que as pessoas estão agora, nesse exato momento, ontem, hoje e amanhã, nesses belos dias de outono, celebrando pelas ruas, porque de agora em diante na Irlanda, mais especificamente em Dublin, todo e qualquer objeto que se pronunciar guarda-chuva tem um encontro marcado com o vento que irá logo transformá-lo em uma mera bandeira.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Episódio 3: Vários copos de cerveja e um dedo a menos.

E como diria o velho ditado, vá para a Irlanda e perca um dedo!É claro que ninguém faria uma bobagem como essa. Mas parece que minha mente já nem tão sóbria de sábado a noite resolveu levar ao pé da letra o ditado que eu mesma acabei de inventar.
Vamos partir do início...
Apesar de estar ainda desempregada e já ter passado por algumas "desventuras" da vida na Irlanda, nada seria mais ironicamente engraçado que sair em um sábado a noite para se divertir com os amigos e acabar sentindo (literalmente) na pele, como um fim de noite pode ser muito doloroso.
Tudo corria bem enquanto eu segurava um copo de cerveja com meus adoráveis cinco dedos. Sim, eu nunca tinha dado tanto valor para os meus dedos como naquela noite, mais especificamente para o dedo indicador da mão direita que me faz tanta falta para escrever nesse momento.
Em um bar, normalmente, o processo funciona mais ou menos assim: você toma cerveja, a cerveja vai rapidamente para sua cabeça, vai mais rapidamente ainda para sua bexiga, você vai ao banheiro, usa o toalete, volta e toma mais uma cerveja. Mas se você já se encontra um pouco exaltada porque talvez dessa vez a cerveja resolveu subir mais rápido para sua cabeça do que para sua bexiga, as coisas podem não acontecer da maneira mais simples.
Em algum momento desconexo de meu pensamento, ao sair do banheiro, permito que meu dedo indicador da mão direita se posicione exatamente no local mais perigoso: o vão entre a porta e a parede. Aqueles poucos segundo que eu tinha para retirar o dedo do vão antes que a porta pudesse se fechar foram esquecidos ali; e ali também ficou o meu dedo.
Palavrões em português, lagrimas de bêbada e uma torneira com muita água correndo em cima de um dedo roxo, inchado e extremamente dolorido é tudo que me lembro daquele momento "inesquecível". A essas alturas, depois de quase uma hora no banheiro, todos os meus amigos já pensavam que eu havia resolvido fazer todas as necessidades possíveis e impossíveis ali mesmo, no banheiro do bar. Mas para sua surpresa, lá apareço eu, depois de muito tempo, com a maior cara de choro, pronta para ir embora. A noite que parecia tão divertida, acaba se tornando apenas engraçada para aqueles que não sentiram a dor de ter um dedo esmagado.
Após todas as explicações do ocorrido, termino minha noite no Mc Donald's mais próximo, fazendo o pedido mais esdrúxulo de minha vida: um copo com gelo para enfiar um dedo inchado que agora carrega o carinhoso apelido de Mc Dedo Feliz!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Episódio 2: A maravilhosa arte de distribuir panfletos.

Recebo uma ligação inesperada no intervalo da aula: um convite para minha primeira experiência de trabalho no exterior. Que maravilha!
Aceito o convite na hora, sem hesitar. Afinal, com toda essa história da crise não dá pra ficar rejeitando trabalho por aqui.
Vou dizer que já ouvi de tudo. Pessoas formadas que trabalham de faxineira, gente que larga negócio no Brasil pra vir trabalhar de garçom e muitas outras coisas desse tipo. Mas que haviam pessoas sujeitas a entregar panfletos eu ainda não tinha ouvido. A questão agora é saber, o que seria exatamente o ato de entregar panfletos? Quando me convidaram, a primeira coisa que pensei foi que eu iria ficar no meio da rua entregando aqueles folhetos que as pessoas jogam fora no próximo lixeiro. Opção errada! Entrei de gaiato na história e quando vi lá estava eu em outra cidade, próxima à Dublin, distribuindo folhetos nas caixinhas de correio de várias casas. Mas essa não é a melhor parte. Mesmo com toda a empolgação de um primeiro dia de trabalho, nada poderia desanimar mais que a bela chuva que caia. Que delícia!
Equipamentos necessários: capa de chuva, mochila com água, um sanduba para o almoço e, obviamente, espaço para carregar 500 folhetos que além de pesados, aumentavam minha fome a cada vez que eu tinha que olhar para as pizzas que estavam neles.
Exercitar o inglês nesse momento não é prioridade porque ali você só encontra brasileiros. Aliás, como disse um dos colegas do grupo, a ordem de prioridade funciona mais o menos assim: banheiro, pizza e só depois o pagamento. Sim, a pizza faz parte do "salário", e podem ter certeza que depois de um longo dia de trabalho, ela virou a melhor pizza que já comi na vida.
Como vocês podem imaginar, o salário não é dos melhores. Dizem até que já pagaram mais para fazer esse tipo de serviço, mas alguém teve a brilhante ideia de diminuir o valor porque existe, a cada dia, mais brasileiros para fazer esse tipo de trabalho. Lei da oferta e da procura colocada em prática. Uhul!
Mas não pensem que estou reclamando não. Afinal de contas tudo tem um lado bom na vida. Além de eu estar ali por vontade própria, conheci pessoas interessantes e no final ainda ganhei uma pizza (acho que já mencionei isso). É que o engraçado de toda a situação é você perceber que está aqui, longe de tudo, sujeito a um tipo de trabalho que jamais faria no seu próprio país e ainda se sentindo feliz por isso!
Experiência de vida? Constrangimento? História para contar para os netos? Eu ficaria com a terceira opção. Não que eu ache que a gente precise passar por perrengues toda hora só pra ter história pra contar. Mas tem coisas na vida que somente vivendo a situação é possível compreender como funciona. Você acha que agora eu vou conseguir tratar mal alguém que vier colocar folhetos na minha caixinha de correio? Muito pelo contrário, agora eu vou até lembrar de prender o cachorro se alguém vier entregar jornal na minha casa.
Divagações à parte, o que importa é que volto para casa feliz com meus 30 euros (que já vão sumir na primeira ida ao mercado), mas que com certeza significaram muito mais que um mero salário mal pago. Afinal, essa foi a primeira vez que fiquei feliz em saber que tudo acaba em pizza!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Episódio 1: Doce tragédias de um início de viagem.

Olho para o microondas. 8:50 da noite. No Brasil, de acordo com o fuso-horário, devem ser 4:50 da tarde, penso eu. Penso porque é a única coisa que me resta fazer nesse apartamento gigantesco onde (por enquanto) resido sozinha. A TV não funciona, não há rádio, nem computador e as pessoas que moram no prédio ainda não conheço bem. A ideia de morar na Irlanda que parecia ser tão divertida começa com pequenas "tragi-comédias" da vida que não seriam tão interessantes se não fossem escritas.
A primeira delas, como já citado, foi a televisão. Sim, exatamente, aquela que desprezamos tanto, é a que mais me faz falta nesse momento tão peculiar da vida.
Aperto todos os botões, verifico a tomada, tento o controle remoto e nada! Ela simplesmente não funciona.
Lamento informar (a mim mesma) que a TV virou um mero detalhe quando tive a brilhante ideia de esquentar água para fazer um "coffee". Afinal de contas, estou sozinha no apartamento, não tenho televisão e (ainda) não tenho vontade de me embebedar.
Tomada a decisão de fazer o café, assim como de costume, coloco água na chaleira e ponho no fogão para esquentar. Começo já a imaginar o gosto do café quentinho na boca. Gostaria mesmo é de sentir o cheiro do café fresquinho saindo do coador, porém, minha imaginação não é forte o suficiente para disfarçar o cheiro de queimado que adentra minhas narinas. Puta que pariu! A chaleira era elétrica. Desligo o fogão correndo, mas o plástico já está todo derretido em cima da chapa. Ora essa, nunca tinha visto na minha vida uma chaleira elétrica. Mas a melhor parte ainda está por vir, olho atrás da porta de entrada do apartamento e logo um simpático bilhetinho que diz o seguinte: "qualquer dano causado nesse apartamento deverá ser cobrado do morador". Não vamos entrar em detalhes quanto ao custo porque preferi esquecer essa parte por alguns instantes.
Isso tudo porque estou contando apenas uma parte do que já me aconteceu. Ainda deixei de lado uma tomada estragada, dois dedos queimados e uma calcinha que serviu de elástico para segurar a pequena alavanca que faz a água do banho sair pelo chuveiro e não pela banheira.
Mas, por outro lado, o que seria desse texto sem todos esses acontecimentos? O que seria de mim sem um papel e uma caneta nesse momento em que não tenho televisão, não tenho computador e para completar, estou longe da família e dos amigos? Não resta mais nada além de pensar e escrever.
Ao final do texto olho novamente para o microondas. Ele continua marcando 8:50 da noite. Que ótima notícia: o relógio do microondas também está estragado.