quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Episódio 9: Quem viaja com pouco aumenta o conto.

Depois de muito suar a camisa, ficar sem dinheiro na conta, entrar em crise existencial pra saber se ficava ou voltava, chegou o grande momento! Meu visto está vencendo e de fato não vou renová-lo. Chegou a hora de juntar a grana tão suada e por vezes difícil de se obter e realizar a viagem final desta grande jornada.
O roteiro é simplesmente um sonho, Londres, París, Lisboa e por fim Amsterdã. Mas tem um porém, (sempre há um porém). Vou fazer uma viagem de 20 dias sozinha! Eu, eu mesma e seja o que Deus quiser. É mais ou menos isso.
Legal , divertido, aventura, uhul, todo mundo acha lindo. Também achei ótimo um mês atrás, quando eu apenas planejava a viagem. Agora é fato, estou indo para países que falam diferentes línguas (Portugal então nem se fala!), sem conhecer nada nem ninguém e apenas com minha companhia. Frio na barriga é pouco pra dizer o que eu senti, tive mesmo é que ir ao banheiro várias vezes antes de entrar no avião. Sim porque também tem essa né, quem é que me diz que não tem medo de entrar em um avião sozinho? Se diz que não tem eu não acredito. Aquele troço gigante voa, já parou pra pensar nisso? Enfim, se for pra morrer que pelo menos não seja sozinha, né? Como diz o outro, segura na mão de Deus e vai.
Depois de passado o sufoco, aterrissamos em Londres.. Bom, pelo menos aqui as pessoas falam oficialmente inglês, sem aquele sotaque bizarro da Irlanda.
O lado bom de viajar com pouca grana é que você se hospeda em albergue, daí já tem uma desculpa pra fazer amizadas, afinal, é aquela coisa, uma média de 200 pessoas no mesmo quarto, dividindo um único banheiro, falando línguas diferentes e querendo conhecer mais gente igual a eles. Não tem erro, é assim que vou começar a “fazer amigos” na minha primeira viagem.
Acreditem ou não depois de subir as 10 andares de escadas, fiquei sozinha em um quarto. Que ironia, o quarto que tem lugar para 12 pessoas está vazio. Mas tudo bem, sigo com meus planos e inicio minha “rota turística” nem tanto programada. Um museu aqui, um café ali. Londres é maravilhosa, mesmo com o frio e o tempo nublado não há como ficar de mau humor neste lugar, pena só é não ter alguém para compartilhar o momento e tudo mais divertido. Bom, se o problema do começo da viagem foi falta de diversão, na última noite talvez tenha sido o excesso dela. Conheci um povo em um tour pela cidade, gente do Canadá, Estados Unidos, Holanda. Todos jovens, divertidos, loucos pra fazer uma balada. Resumindo, saí, tomei todas e uhul, peguei um ônibus pra volter ao albergue e fui parar lá na puta que pariu. Verdade... O susto foi grande, mas consegui pegar um táxi e chegar no albergue sã e salva. Ufa, que alívio!
Partindo para a segunda viagem, chego em París. Também uma cidade maravilhosa, tirando que o tempo estava absurdamente fechado e eu ainda estava de ressaca da noitada em Londres. Mas consegui a aproveitar, dessa vez em uma versão mais calminha de mim mesma, aproveitando de uma maneira um pouco mais gastronômica, digamos assim. Sim, mulher tem dessas coisas, quando se sente um pouco solitária sai comendo adoidado (tá bom, a gente sempre faz isso). Era crepe com sorvete, waffle com sorvete, bolo com sorvete, sorvete com sorvete e por aí vai. Ai, que paraíso. Lembro-me de comer um crepe inteiro com nutela e banana e ao me olhar no espelho perceber nutela até na minha testa, faz parte.
Já em Portugal, tudo foi mais tranquilo. Sol, calor, havaianas e tudo isso falando em português. Muitas vezes não entendia tudo que me falavam, é um tal de pega o “autocarro” e liga do “telemóvel” que eu já começava a fazer confusão.
E pra fechar com chave de ouro a tão esperada viagem para Amsterdã. Um lugar um tanto quanto cabeça aberta, leis mais abertas, pernas abertas e coisas do tipo. Você encontra desde de cafés que vendem maconha legalmente até o sexy shops mais diferentes e engraçados. Isso fora a região onde as prostitutas se vendem em vitrines abertas ao público. Um lugar ímpar, onde é melhor não ficar muito mais que três dias, ou você pode acabar esquecendo de pegar o avião...
Finaleira de tudo, saldo positivo. Empregos inesperados, problemas com dinheiro, amigos deixados para trás, ressacas das mais diferentes e muita história pra contar. Fazer uma viagem como esta, e digo, ao todo, desde o primeiro dia em que pisei na Irlanda, foi uma aventura e tanto. Consegui façanhas das mais simples como entender um irlandês falando inglês, até as mais idiotas como trancar um dedo na porta de um bar. Mas com certeza o que vale é o que sobra pra contar de história, e quando não sobra, é claro que a gente aumenta um pouquinho.

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