quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Episódio 10: De volta ao país do carnaval.

Faz tempo que não escrevo por aqui. Faz tempo, inclusive, que voltei para o Brasil, e por isso mesmo não tenho mais atualizado este blog. Sabe como é, a vida começa a ficar normal e você sem tempo para estas “futilidades” virtuais. Mas ainda assim resolvi voltar a escrever por aqui. Mesmo que eu chegue todos os dias cansada do trabalho e tenha que fazer isso ali pelas onze da noite. Pois afinal, quem precisa dormir? E por falar em dormir, isso coisa que fica cada dia mais difícil. É Tanta coisa pra se preocupar... Trabalho, casa, dinheiro, ou melhor, a falta de dele. Mas também não vou ficar aqui discursando como aqueles textos de mulher moderna que se cansa de ter que fazer tudo perfeito, 24 horas por dia, e que ainda tem que ter pique para ir à academia. Não, não, isso não faz o meu tipo, até porque ficar reclamando não vai acabar com as gordurinhas a mais que tanto nos pesam na consciência.
Resumindo: voltei simplesmente para escrever, falar um pouco de tudo, sendo como sempre, exagerada e escrachada. Não gostou? Pois é, nem eu, mas prometo melhorar ao longo dos dias.
Nunca fui esse tipo de blog do “por favor, leia-me!”, mas também não nego que fico feliz quando alguém me diz que deu uma espiadinha por aqui. Afinal, como já diria um antigo professor meu de comunicação: um texto só é texto quando lido. E eu ainda pretendo chamar minhas postagens de texto.
Ah mas e o que tudo isso tem a ver com o tal título? País do carnaval, sei lá o que. Pois é, dizem que texto bom é aquele tem um ciclo, coloca-se um título para chamar atenção e se faz um link deste título com o final do texto. Mas não tem dias que dá vontade de fazer tudo do avesso? Sim, porque às vezes vem o título primeiro e aí você fica tentando enfiar lá no meio (piadinhas de duplo sentido são sempre bem vindas neste blog) só pra completar o texto.
Pois então eu lhe digo, não vou enfiar porra nenhuma de carnaval no meu texto. Só queria dizer que voltei para o Brasil e ponto. Mas não poderia ser apenas “de volta ao Brasil”, preferi escolher outra coisa, algo menos clichê. Opa, carnaval? Menos clichê? Ih, ferrou! Agora não sei mais nada, afê, desisto, não sei se volto mais aqui não, é muito difícil escrever.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Episódio 9: Quem viaja com pouco aumenta o conto.

Depois de muito suar a camisa, ficar sem dinheiro na conta, entrar em crise existencial pra saber se ficava ou voltava, chegou o grande momento! Meu visto está vencendo e de fato não vou renová-lo. Chegou a hora de juntar a grana tão suada e por vezes difícil de se obter e realizar a viagem final desta grande jornada.
O roteiro é simplesmente um sonho, Londres, París, Lisboa e por fim Amsterdã. Mas tem um porém, (sempre há um porém). Vou fazer uma viagem de 20 dias sozinha! Eu, eu mesma e seja o que Deus quiser. É mais ou menos isso.
Legal , divertido, aventura, uhul, todo mundo acha lindo. Também achei ótimo um mês atrás, quando eu apenas planejava a viagem. Agora é fato, estou indo para países que falam diferentes línguas (Portugal então nem se fala!), sem conhecer nada nem ninguém e apenas com minha companhia. Frio na barriga é pouco pra dizer o que eu senti, tive mesmo é que ir ao banheiro várias vezes antes de entrar no avião. Sim porque também tem essa né, quem é que me diz que não tem medo de entrar em um avião sozinho? Se diz que não tem eu não acredito. Aquele troço gigante voa, já parou pra pensar nisso? Enfim, se for pra morrer que pelo menos não seja sozinha, né? Como diz o outro, segura na mão de Deus e vai.
Depois de passado o sufoco, aterrissamos em Londres.. Bom, pelo menos aqui as pessoas falam oficialmente inglês, sem aquele sotaque bizarro da Irlanda.
O lado bom de viajar com pouca grana é que você se hospeda em albergue, daí já tem uma desculpa pra fazer amizadas, afinal, é aquela coisa, uma média de 200 pessoas no mesmo quarto, dividindo um único banheiro, falando línguas diferentes e querendo conhecer mais gente igual a eles. Não tem erro, é assim que vou começar a “fazer amigos” na minha primeira viagem.
Acreditem ou não depois de subir as 10 andares de escadas, fiquei sozinha em um quarto. Que ironia, o quarto que tem lugar para 12 pessoas está vazio. Mas tudo bem, sigo com meus planos e inicio minha “rota turística” nem tanto programada. Um museu aqui, um café ali. Londres é maravilhosa, mesmo com o frio e o tempo nublado não há como ficar de mau humor neste lugar, pena só é não ter alguém para compartilhar o momento e tudo mais divertido. Bom, se o problema do começo da viagem foi falta de diversão, na última noite talvez tenha sido o excesso dela. Conheci um povo em um tour pela cidade, gente do Canadá, Estados Unidos, Holanda. Todos jovens, divertidos, loucos pra fazer uma balada. Resumindo, saí, tomei todas e uhul, peguei um ônibus pra volter ao albergue e fui parar lá na puta que pariu. Verdade... O susto foi grande, mas consegui pegar um táxi e chegar no albergue sã e salva. Ufa, que alívio!
Partindo para a segunda viagem, chego em París. Também uma cidade maravilhosa, tirando que o tempo estava absurdamente fechado e eu ainda estava de ressaca da noitada em Londres. Mas consegui a aproveitar, dessa vez em uma versão mais calminha de mim mesma, aproveitando de uma maneira um pouco mais gastronômica, digamos assim. Sim, mulher tem dessas coisas, quando se sente um pouco solitária sai comendo adoidado (tá bom, a gente sempre faz isso). Era crepe com sorvete, waffle com sorvete, bolo com sorvete, sorvete com sorvete e por aí vai. Ai, que paraíso. Lembro-me de comer um crepe inteiro com nutela e banana e ao me olhar no espelho perceber nutela até na minha testa, faz parte.
Já em Portugal, tudo foi mais tranquilo. Sol, calor, havaianas e tudo isso falando em português. Muitas vezes não entendia tudo que me falavam, é um tal de pega o “autocarro” e liga do “telemóvel” que eu já começava a fazer confusão.
E pra fechar com chave de ouro a tão esperada viagem para Amsterdã. Um lugar um tanto quanto cabeça aberta, leis mais abertas, pernas abertas e coisas do tipo. Você encontra desde de cafés que vendem maconha legalmente até o sexy shops mais diferentes e engraçados. Isso fora a região onde as prostitutas se vendem em vitrines abertas ao público. Um lugar ímpar, onde é melhor não ficar muito mais que três dias, ou você pode acabar esquecendo de pegar o avião...
Finaleira de tudo, saldo positivo. Empregos inesperados, problemas com dinheiro, amigos deixados para trás, ressacas das mais diferentes e muita história pra contar. Fazer uma viagem como esta, e digo, ao todo, desde o primeiro dia em que pisei na Irlanda, foi uma aventura e tanto. Consegui façanhas das mais simples como entender um irlandês falando inglês, até as mais idiotas como trancar um dedo na porta de um bar. Mas com certeza o que vale é o que sobra pra contar de história, e quando não sobra, é claro que a gente aumenta um pouquinho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Episódio 8: Pegou fogo no meu cabelo

A mulherada se arruma. É sexta feira à noite, hora de sair pra balada, dar aquela geral no visual e quem sabe, um “esquema” no final da noite.
Umas colocam salto, outras colocam aquela maquiagem, um decotinho aqui, uma blusa justa ali, e lá vamos nós! Claro que o mais importante nessa hora é o cabelo; cabelo não pode faltar, tem que ter aquele toque especial. Passa uma chapinha, usa secador, ou nem que o deixe apenas secar ao natural, mas tem que estar solto, sabe como é, pra dar aquele "upgrade".
Depois de 2 horas ajeitando os cabelos e mais umas 3 horas na frente do espelho, estamos todas prontas para andar rumo aos pubs da cidade. Entre uma tropeçada e outra descubro que andar de salto não é o meu forte, mas continuo firme e decidida a chegar em algum lugar. Escolhido o bar seguimos naquela direção, a cerveja é barata e o ambiente é legal, então porque não?
Já dentro do bar, estou me sentindo linda! (ok, a auto-estima da mulher tem dessas coisas). Tudo está indo bem, pessoas bonitas, despojadas, divertidas. Compro uma cerveja, encontro alguns amigos, converso com um aqui, um ali, “tudo como manda o figurino”. E claro que depois de uns goles de cerveja tudo fica sempre mais divertido.
Eis que surge um cheiro. Meu Deus que cheiro é esse? Parece até que estão queimando alguma coisa. Tudo bem que os irlandeses não são muito famosos por gostar de banho, mas daí a cheirar mal assim?
Fico na boa, encostada na parede quando de repente, out from no where, uma menina começa a me bater nas costas desesperada. “Mas que porra é essa? Tá maluca garota?” penso eu. Mal eu havia reparado que o bar teve a brilhante idéia de colocar velas acesas como objetos de decoração para dar aquela iluminada no ambiente. “O seu cabelo está pegando fogo”, diz ela. Puts grila! E não é que era verdade?
Você já sentiu cheiro de cabelo queimado? Foi daí que eu entendi porque aquele bar estava cheirando tão mal. Pior de tudo foi saber que o tal cheiro era eu. Saio super sem graça após o controle do pequeno incêndio e vou direto ao banheiro para recolher os pedacinhos de cabelo queimados que estão sobre minha roupa. Ahh, que cena lamentável, apesar do cheiro impregnado no meu cabelo, a boa notícia é que o fogo não tomou uma proporção maior, se não, já pensou? Vai pra Irlanda e volta sem cabelo, aí já ia ser demais. De agora em diante eu tenho um novo mandamento para noite de balada: “Jamais entrarás de cabelo solto em um bar que enfeita seus cantos com velas acesas”.

domingo, 25 de abril de 2010

Episódio 7: Poligamia de pensamentos

Sempre ouvi discussões intermináveis sobre a monogamia/poligamia na vida dos seres humanos. Pra dizer bem a verdade, eu nem sei se quero ter uma opinião formada sobre isso, pelo menos não hoje. O que passa pela minha mente neste momento é a questão de quão difícil pode ser tentar estabelecer a monogamia em nossos pensamentos. E porque diabos eu estou pensando nisso? Porque é o que acontece todos os dias, é o nosso “realmente cotidiano”. Nossa relação diária com a mente é totalmente poligâmica. Marcamos um encontro com a palavra decisão e BUM, quem aparece pronto para nos levar pra jantar é o nosso amigo dilema.
É decidir entre o mercado ou a calça linda que você viu na vitrine, decidir entre o emprego longe ou a vida pacata ao lado a família.
Você já viu alguém tomar uma decisão poligâmica? Claro que as pequenas possibilidades existem, afinal, toda regra tem sua exceção “será que levo o vestido vermelho ou o preto?”, na dúvida, levei os dois, tomei uma decisão poligâmica, ou até mesmo se você ficou na dúvida entre o leite integral e desnatado e acabou levando o semi-destanado pra ficar no meio termo (se é que isso é o meio termo de alguma coisa).
Mas a grande maioria das decisões em nossas vidas são do tipo 8 ou 80 e são basicamente divididas entre o racional e o emocional. Junto dinheiro pra comprar uma casa ou faço aquela viagem dos meus sonhos? Invisto na minha carreira ou largo tudo por um grande amor?
É dai que vem a expressão tão corriqueira e verdadeira “não sei se caso se ou compro uma bicicleta” Oh duvida cruel! Tudo bem que a bicicleta poderia ser trocada por um IPhone ou algo do tipo hoje em dia, mas a ideia básica é que nossa mente é totalmente poligâmica no que diz respeito a nossas decisões. Queremos o IPhone, queremos a viagem, queremos o emprego e mais do que nunca, queremos o grande amor, e tudo isso ao mesmo tempo, emocional e racional fazendo uma suruba poligâmica em nossa cabeça! E não me venha com essa de que você não faz esse tipo. Quem é que na vida não quer encontrar um grande amor? Ok, talvez essa seja uma colocação muito forte, mas todos nos queremos ter alguém em nossas vidas, talvez não agora, talvez não tão cedo, mas chega uma hora que bate o desejo de se aquietar com alguém.
Mas até aí está tudo “bunitinho”e monogâmico, você segue sua carreira, compra a tal da casa, faz a tal da viagem e BUM, acha o grande amor, felizes para sempre, não?
Ahh, que bela história idiota, a vida não é uma comédia romântica (graças a Deus), nossas vidas estão mais pra filme de Almodóvar ou até mesmo Tarantino. Tudo acontece do avesso, tudo acontece poligâmico. Você foca em sua carreira, faz intercâmbio, curso disso, curso daquilo e pronto a pessoa aparece bem lá no meio, enfiada naquela hora que você menos precisa, toda sorridente, fazendo você amolecer as suas pernas e mudar todos os seus planos. “Pra que pensar em patavinas de vida profissional, eu quero é fugir com você e morar no paraíso!” Monogamia momentânea de coração, que faz a poligamia de sua mente chegar a mil por hora fazendo você se perguntar 39 vezes: “meu deus do céu, será que essa é mesmo a melhor decisão?”
Confusões a parte, uma coisa eu lhe digo, se já é difícil controlar a monogamia de nosso coração, a poligamia de nossas mentes já está há anos luz destruindo nossa sobriedade e nos levando a loucura diariamente.
Mas cá entre nós, quem é que não sabe que no jogo da poligamia é a falta de controle que faz mais sucesso?

terça-feira, 30 de março de 2010

Episódio 6: Vivendo no limite

Depois já ter mudado de emprego 59 vezes em busca de achar algo que fosse pelo menos próximo a minha área e depois de me decepcionar mais 59 vezes com os mesmos empregos aqui estou eu.
Sim, fiquei em Dublin, porque exatamente eu ainda não sei, procurar essa resposta pode levar algum tempo, mas a verdade é que essa foi a minha escolha e agora tenho que correr atrás do prejuízo... Sim, isso não foi uma força de expressão, tenho que correr atrás do prejuízo literalmente. Com todas as entradas e saídas de novos empregos, acabei ficando com dinheiro em haver, ótimo não? Soa ate bem aos ouvidos, dinheiro em haver, no debts, yes credits.
Soa bem aos ouvidos quando o caso não é o de que o ÚNICO dinheiro que você tem é o tal do dinheiro em haver. Dinheiro virtual, dinheiro que não compra comida e nem paga o aluguel. Meu deus do céu onde foi que eu fui me enfiar?
Explico melhor... Cada vez que se entra em um emprego novo você passa todos os seus dados, sua conta de banco e tudo mais, até que você receba pode levar algum tempo, principalmente se existem certos obstáculos no meio do caminho (é agora que a desgraça começa)
Emprego 1: promoção, soa também muito bem aos ouvidos, verdade: ficar panfletando em shoppings e distribuindo passe livre para uma academia, problema: pagam bem por hora, no entanto nunca sei quantas horas terei por semana e alem disso pagam mensalmente. Continuo fazendo bicos nesse emprego em alguns finais de semana
Emprego 2: marketing e vendas, também é um nome bonito, verdade: vendedor de porta em porta ganhando apenas comissão pelo seu trabalho, problema: almost no money, e ainda por cima, como me demiti com menos de 2 semanas de trabalho, o dinheiro esta ainda por chegar na minha conta apenas no próximo mês (estava escrito no contrato)...
Emprego 3: mais um vez, vendas, continua soando bem mas eu já estou um pouco mais esperta, não? verdade: vendas mesmo, mas de novo, de porta em porta s[o que dessa vez recebo um salário básico mais a comissão, problema: o trabalho não é dos melhores mas da pra aguentar, o problema dessa vez foi o banco mesmo, eu deveria receber na semana seguinte mas devido a problemas com minha conta bancaria "não foi possível completar essa transação..."
Resumindo, depois de muito perrengue decidi abrir uma conta e outro banco e, aleluia, hoje foi o grande dia, dinheirinho depositado em minha conta, tudo indo muito bem, sai do trabalho fui direto ao banco para sacar o dinheiro, como ainda não recebi o cartão, pois a conta é nova, eu teria que ir direto ao caixa do banco para fazer a operação...




Sim, vamos fazer uma longa pausa por aqui para simbolizar 1 minuto de silencio (afinal alguém quase morreu hoje). O que? Hoje é feriado de sexta feira santa? Mas ate onde eu sei o feriado aqui na Irlanda é na segunda feira e não na sexta! Ahh sim, claro, os bancos preferem fazer o feriado na sexta e também na segunda, uhmm, como eu não pensei nisso? Tão obvio, nada como fechar os bancos 4 dias seguidos quando a pessoa esta sem um centavo na carteira e um maldito cartão de debito!
Lá se foi a ideia de ir ao cinema, lá se foi a ideia de ir ao mercado, lá se foi a ideia de ter qualquer ideia para o feriado... Seria isso um teste de sobrevivência? Depois de tanto perrengue, tantos dias sem dinheiro, preciso ainda esperar mais? Vou ter que agora ficar também devendo para os meus amigos? Oh my God! Totalmente sem comentários, ou melhor, comentários são a única coisa me resta nesse feriado, vou mais é comentar tudo, vou falar, vou escrever, vou digitar e vou viver de vento.
Honestamente? A única coisa que me salva e que sei rir dos meus problemas...